RSJ é História: há 94 anos, Lampião era surpreendido em Mossoró

junho 13, 2021

Neste domingo completa 94 anos que Mossoró recebeu à bala o bando de Lampião. Em 13 de junho de 1927, o rei do sertão não imaginava o que o esperava na cidade de Mossoró, região Oeste do Rio Grande do Norte.

Na noite do 12 de junho de 1927, véspera do dia de Santo Antônio, começou a correr a notícia de que Virgulino Ferreira, o temido cangaceiro Lampião, se aproximava da cidade. Ele e seu bando vinham da Vila de São Sebastião, atualmente o município de Governador Dix-Sept Rosado, distante poucos quilômetros de Mossoró.

A história revela que o prefeito coronel Rodolfo Fernandes já havia alertado nos últimos dias sobre o perigo do ataque do rei do cangaço à cidade.

Fazia tempo que Lampião planejava encarar o desafio de invadir Mossoró. Pouco antes de chegar à cidade, Lampião enviou um bilhete chantageando a prefeitura. Pedia 400 contos de réis para não atacar o município, um valor pelo menos dez vezes superior ao que costumava exigir em ocasiões semelhantes.

Reprodução
Historiadores revelam que, sem resposta ao primeiro comunicado, Lampião, já impaciente, manda um segundo aviso, em bilhete que consta nos arquivos do jornal O Mossoroense, com muitos erros de português, mas bastante ameaçador:

“Cel. Rodopho, estando eu aqui pretendo é drº (dinheiro). Já foi um a viso, ai pª (para) o Sinhoris, si por acauso rezolver mi a mandar, será a importança que aqui nos pedi. Eu envito (evito) de Entrada ahi porem não vindo esta Emportança eu entrarei, ate ahi penço qui adeus querer eu entro e vai aver muito estrago, por isto si vir o drº (dinheiro) eu não entro ahi, mas nos resposte logo. Cap. Lampião”.

Para surpresa do temido cangaceiro, o coronel Rodolfo Fernandes e seus homens disseram não. A cidade tinha o dinheiro, informou o prefeito. Mas Lampião teria que entrar para apanhá-lo. Às 16 horas daquele dia 13, caía uma chuvinha fina. Foi quando os primeiros estampidos de bala ecoaram.

A estratégia da prefeitura – que havia conseguido ajuda oficial em armas e munição, mas não em combatentes – foi manter na cidade apenas os habitantes que estivessem armados. Quanto mais vazio o lugar, na avaliação do coronel Rodolfo Fernandes, maior a chance de repelir o bando de cangaceiros.

Lampião tinha 53 cangaceiros no seu bando. Não imaginava, porém, que enfrentaria pelo menos 150 homens armados. O repórter Lauro da Escóssia conta: “Durante toda a noite, a detonação de armas em profusão. Parecia uma noite de São João bem festejada”.

No ataque, Lampião perdeu importantes homens de seu bando, como Colchete que teve parte do crânio esfacelado por balas, e Jararaca, que depois de capturado, foi praticamente enterrado vivo.

Em menos de uma hora após o início da luta, Lampião sentiu que dominar a cidade seria praticamente impossível. Então ordenou a retirada da tropa, para evitar a perda de mais homens e não manchar ainda mais sua reputação.

O mito de Lampião invencível caía por terra, o que reanimou a força policial, que passou a enfrentar o rei do cangaço com menos temor. Era o começo do declínio da carreira de Virgulino.



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2 Comentários

  1. Lampião foi de encontro com o que sempre agregou, " Jamais invadir uma cidade de duas torres ", talvez fosse uma maneira de classificar esse tipo de cidade com mais de uma igreja, impossível de ser invadida.
    Por isso ele ficou aguardando de fora da cidade.

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  2. Esse fato histórica foi utilizado pela elite política/cultura mossoroense para levantar a autoestima da cidade.

    Antônio

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