MPF e PF deflagraram Operação Alcmeón cumprindo mandados no RN e PE
agosto 30, 2017
O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal
deflagraram na manhã desta quarta-feira (30), a Operação Alcmeón, cumprindo
dois mandados de prisão preventiva, oito de condução coercitiva e treze de
busca e apreensão no Rio Grande do Norte e em Pernambuco.
As medidas foram determinadas pela 2ª e 14ª varas federais
do Rio Grande do Norte e se referem a dois inquéritos distintos.
O primeiro caso trata da possível compra e venda de votos de
desembargadores federais (um falecido e outro aposentado) do Tribunal Regional
Federal da 5ª Região (TRF5), localizado em Recife, para análise de um habeas
corpus e de um mandado de segurança julgados pelo tribunal no ano de 2012, no
âmbito da Operação Pecado Capital. Essa operação apurou um esquema de desvio de
recursos federais repassados pelo Inmetro ao Instituto de Pesos e Medidas do
Rio Grande do Norte - Ipem/RN.
As negociações ilícitas envolvendo os dois desembargadores
federais teriam contado com a intermediação de advogados e de um assessor, com
repasses de valores de forma oculta e dissimulada, mediante uso de dinheiro em
espécie e transferências bancárias envolvendo terceiros.
O segundo inquérito trata de uma possível “exploração de
prestígio” por parte do desembargador aposentado, perante o mesmo TRF5, entre
os anos de 2015 e 2017. A atuação irregular desrespeitou, inclusive, a
quarentena prevista em artigo da Constituição. O desembargador aposentado teria
solicitado e recebido valores a pretexto de influir em outros magistrados até
mesmo em casos nos quais ele próprio havia atuado como julgador, como na
“Operação Pecado Capital” e na “Operação Salt” (que apura esquema de sonegação
fiscal de grupo empresarial de Mossoró/RN).
A mesma prática teria se repetido em diversos outros
processos, como apelações criminais, ações rescisórias, revisão criminal e ação
penal originária. A atuação perante a Corte teria ocorrido através de advogados
interpostos e os valores recebidos, muitas vezes, de forma oculta e
dissimulada, mediante transferências bancárias para terceiros e também com base
em contratos e notas fiscais com falsa descrição de serviços.
As investigações se desenvolveram em um trabalho conjunto do
Ministério Público Federal, da Polícia Federal e da Receita Federal, contando
com informações fornecidas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras
(Coaf), pela Justiça Federal e pelo TRF5. As diligências realizadas até o
momento envolveram colaborações premiadas, gravações ambientais, interceptações
telefônicas, afastamento de sigilo de dados fiscais, bancários, telefônicos e
telemáticos, além da obtenção de documentos e colheita de depoimentos.
Os crimes investigados são os de corrupção passiva,
corrupção ativa, exploração de prestígio, falsidade ideológica de documentos
particulares e uso de documentos particulares ideologicamente falsos, lavagem
de dinheiro e associação criminosa.
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