MPF denuncia empresário Flávio Rocha por coação e crimes contra a honra
outubro 13, 2017
O Ministério Público Federal no RN (MPF/RN) protocolou na
quarta-feira denúncia contra o empresário Flávio Gurgel Rocha pela prática dos
crimes de coação no curso do processo, calúnia e injúria. Os crimes teriam sido praticados contra a procuradora
regional do Trabalho Ileana Neiva Mousinho, no exercício da função.
Ileana Neiva e outros nove procuradores do Trabalho
ajuizaram, em maio, ação civil pública contra a empresa Guararapes Confecções
S/A, da qual Flávio Rocha é vice-presidente.
Em setembro, no perfil que possui na rede social Facebook,
que conta mais de 24 mil seguidores, o empresário postou uma carta dirigida à
procuradora a quem acusou ser autora de sistemática perseguição veiculada por
denúncias infundadas à Delegacia do Trabalho, animadas exclusivamente por
sentimento de ódio e para favorecer seus concorrentes.
Utilizando outras redes sociais o empresário chamou Ilena
Neiva de “louca”, “perseguidora” e “exterminadora de empregos”, chegou ainda a
sugerir a retirada da procuradora. “A proposta é simples. Tirem a Dra. Ilena
Mousinho de nossa vida e nós vamos transformar o RN”, propagou Flávio Rocha.
Nas mensagens, sugeriu que as condutas da procuradora visam beneficiar os
supostos concorrentes da Guararapes, já que tais exigências não estariam sendo
feitas às demais empresas.
A denúncia destaca que “mais uma vez, Flávio Gurgel Rocha
atribuiu à procuradora regional do Trabalho ser autora de comportamento típico
de natureza penal, consistindo além de crimes de abuso de autoridade, previstos
expressamente na Lei nº 4898/1965, no crime de prevaricação, previsto no art.
319 do Código Pena”. O crime de prevaricação consiste em deixar de praticar,
indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra a disposição expressa em
lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
O empresário lançou nas redes sociais as campanhas
denominadas “mexeucompainhomexeucomnostudinho” e #exterminadoradeemprego.
Flávio Rocha convocou uma manifestação em frente à sede do Ministério Público
do Trabalho, que aconteceu em 21 de setembro. O expediente da Procuradoria teve
que ser reduzido, por questões de segurança. O denunciado postou frases como “o
nosso povo está animado...”, “entendeu o recado, doutora?”.
Para o MPF, a ação civil pública movida pelo grupo de
procuradores do qual a procuradora Ileana Neiva Mousinho é integrante deve ter
como arena própria de debate o processo judicial. Além disso, ressalta que não
é contrário a qualquer forma de manifestação de liberdade de expressão,
entretanto, o empresário teria transbordado os limites constitucionais,
atingindo deliberadamente a honra de servidora pública no exercício da função.
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