MPF abre investigação sobre caso de criança fantasiada de escravo
outubro 30, 2018
O Ministério Público Federal (MPF) abriu um procedimento
para investigar o caso no qual uma mãe vestiu o filho de escravo negro para
participar da festa de halloween da escola, localizada em Natal. Diversas denúncias
chegaram ao conhecimento do MPF e as informações serão avaliadas para que se
decida pela instauração, ou não, de um inquérito.
As fotos da criança fantasiada de escravo negro - maquiada
com cicatrizes nas costas e no peito, usando algemas e grilhões – teriam sido
publicadas nessa segunda-feira, 29, pela própria mãe, em uma rede social, com
algumas hashtags e a legenda: “Quando seu filho absorve o personagem! Vamos
abrasileirar esse negócio!”.
O estatuto da Criança e do Adolescente prevê como crime “submeter
criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
constrangimento”. Já uma lei tipifica como crime “praticar, induzir ou incitar
a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
nacional”.
O caso está sendo tratado pelo MPF porque a Constituição
determina que compete à justiça federal processar e julgar os crimes “previstos
em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no país, o
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente”. O
fato em análise, por ter sido divulgado na internet, configurou a
“transnacionalidade” exigida pela norma constitucional.
O procurador da República, Fernando Rocha, coordenador do
Núcleo de Combate à Corrupção e outro Ilícitos do MPF no Rio Grande do Norte,
destaca que, “sim, a escravidão existiu, não acabou e a sociedade brasileira
não pode conviver com a banalização do mal como expressão dominante de uma
ideia”.
................................................................................................................................................................
Parceiro anunciante
0 Comentários
Os comentários postados representam a opinião do leitor e não necessariamente do RSJ. Toda responsabilidade do comentário é do autor do mesmo. Sugerimos colocar nome no comentário para que o mesmo seja liberado. Ofensas não serão permitidas.