Ex-prefeito foi preso na Operação Cambalacho
setembro 24, 2019
Na operação Cambalacho, deflagrada pelo Ministério Público
do Rio Grande do Norte (MPRN) nesta terça-feira, 24, para apurar um esquema
fraudulento que aplicou golpes de pelo menos R$ 1,5 milhão em Caiçara do Rio do
Vento, o ex-prefeito Francisco Edson Barbosa e outras cinco pessoas foram
presos na ação, que contou com o apoio da Polícia Militar.
Foto: MPRN |
Além do ex-prefeito, foram presos preventivamente Marinaldo
Amâncio da Silva Júnior e Bruno Ewerton Bezerra Leal, apontados como
integrantes do núcleo operacional do grupo criminoso. O ex-secretário de
Administração, Antônio Laurentino Ramos Neto, e a ex-secretária de Finanças,
Tereza Cristina de Andrade Pereira Barbosa, que ao lado do ex-prefeito
integravam o núcleo da administração pública, estão presos temporariamente. Há
ainda um mandado de prisão preventiva expedido, mas o alvo não foi localizado e
é considerado foragido de justiça.
O grupo é investigado por organização criminosa,
falsificação de documentos públicos e privados, falsidade ideológica, peculato,
estelionato e lavagem de capitais, entre outros delitos que ainda serão apurados.
Foto: MPRN |
A sede da prefeitura e das secretarias de Administração e Finanças de Caiçara do Rio do Vento são alvos de buscas.
As investigações da operação Cambalacho começaram em 2014,
quando se vislumbrou a existência de uma organização criminosa que vinha
atuando em diversos municípios do Rio Grande do Norte, entre eles, Caiçara do
Rio do Vento. Nesta cidade, conforme já apurado pelo MPRN, houve a cooptação de
agentes públicos que possibilitaram a operacionalização do esquema fraudulento.
Segundo já levantado pelo MPRN, o núcleo operacional do
grupo criminoso, formado por Marinaldo Amâncio da Silva Júnior e Bruno Ewerton
Bezerra Leal, arregimentava pessoas e, mediante artifícios fraudulentos, as
induzia ao erro, fazendo com que fornecessem dados e documentos para que o
grupo contraísse empréstimos em seus nomes.
Paralelamente, esse grupo, com auxílio do núcleo da
administração pública (Francisco Edson Barbosa, Antônio Laurentino e Tereza
Cristina Barbosa) obtinha documento do poder público atestando falsamente que
aquelas pessoas pertenciam ao quadro de pessoal do município de Caiçara do Rio
do Vento e que possuíam margem consignável suficiente para a contratação do
empréstimo.
Essa documentação, então, era analisada pelo correspondente
bancário que, em seguida, colhia a assinatura do interessado em proposta de
empréstimo. Em seguida, os valores eram creditados na conta dos falsos
servidores municipais para que, posteriormente, fossem realizados os descontos
na folha de pagamento dos respectivos funcionários.
O MPRN já apurou que nos dias do recebimento dos valores, em
regra, algum integrante do grupo criminoso comparecia à agência bancária do município
com os respectivos “laranjas” contratantes do empréstimo – falsos servidores –
para fazer a retirada do dinheiro no caixa eletrônico. Em outras oportunidades,
havia transferência direta dos valores para membros da organização criminosa,
inclusive, para os agentes públicos.
Além dos mandados de prisão e de busca e apreensão, a
Justiça potiguar determinou o bloqueio judicial do valor de R$ 1.549.550,00 nas
contas dos investigados.
A operação Cambalacho é desdobramento de outras duas
operações do MPRN: a Negociata e a Holerite. A operações Negociata, deflagrada
em 2015, apurou fraudes na concessão de empréstimos consignados e
financiamentos aos servidores ativos e inativos da prefeitura de Umarizal. O
então prefeito Carlindson Onofre Pereira de Melo foi afastado do exercício do
mandato pelo Tribunal de Justiça. Pelas investigações do MPRN, foram concedidos
empréstimos, sendo liberado nas contas dos interessados o valor total de R$
1.571.792,33, o que gerou um saldo devedor aproximado de R$ 2.043.625,34
atualizado até o ano de 2014.
A operação Holerite foi deflagrada em agosto de 2018 para
apurar os crimes de falsificação de documentos públicos e privados, falsidade
ideológica, estelionato e peculato que resultaram no desvio de pelo menos R$
799 mil na prefeitura de Caraúbas. Entre os investigados, estão o ex-prefeito
de Caraúbas, Ademar Ferreira da Silva, e o ex-secretário municipal de
Planejamento, Edson Moraes.
Nos três casos, as fraudes eram esquematizadas da mesma
forma: os investigados conseguiam aprovação para realizar empréstimos
consignados em folha de pagamento, utilizando-se do artifício de fazer
declarações falsas. Eles afirmavam que beneficiários eram servidores públicos
sem que qualquer um deles tenha sido integrante das administrações públicas
municipais. Houve também declarações que pessoas tinham margem consignável, sem
que elas de fato tivessem. Toda a documentação falsa tinha o objetivo de
facilitar a aprovação do crédito por parte da instituição financeira.
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1 Comentários
O Ministério Público do Rio Grande do Norte tem que fazer uma operação dessa em todo o Vale do Açu.
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