Uma Mulher ‘Eclética’

Uma Mulher ‘Eclética’

‘Causo’ escrito por Manoel Lourenço *

Quando cheguei para trabalhar em Serra do Mel em 1980, lá já estava meu amigo Assis, egresso de Upanema e que, anos depois, foi transferido para uma cidade do Alto Oeste, onde permanece até hoje.

Eu sempre vinha, final de semana, aqui para Mossoró; gostava, como até hoje gosto, de barzinho; é lá onde a gente encontra aqueles tiragostos regionais e as meninas pra gente limpar as vistas.

Foi num desses barzinhos que eu conheci Nazaré, uma Paraense que veio para Mossoró, a passeio e não mais voltou. Uma garota com traços Nissei e um corpinho... olhável.

Em conversa com Assis, muito empolgado lhe falei sobre isso e ele me fez ver que também estava se dando bem com uma garota aqui em Mossoró. Descreveu, minuciosamente, seus traços e ainda acrescentou, para meu desgosto, que se tratava de uma Paraense.

Não precisava ser inteligente pra entender que tratava-se da mesma mulher, o nome Nazaré, quando veio à tona apenas ratificou meu pensamento.

Em meio a risos e uma pontinha de ciúmes, de parte a parte, acertamos que, no final de semana seguinte, viríamos para Mossoró e iríamos tomar uma cervejinha no referido bar para sabermos qual seria a sua escolha. Claro, ali já pactuamos que sua decisão seria respeitada pelo rejeitado.

Sexta-feira, como combinado viemos para Mossoró e à tardinha, fomos ao barzinho e ficamos lá, dividindo as incertezas e  disfarçando, cada um a seu modo.

Algumas horas de conversa, a gente já impaciente pra saber quem seria o galã dessa novela, vimos Nazaré entrando de mãos dadas com um homem, e ao passar próximo a nossa mesa, parou e, sem esboçar nenhum constrangimento, disse:

- Paulinho, esses são dois amigos!!!...

* Manoel Lourenço, técnico agrícola aposentado e atualmente um contador de 'causos'

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