Auditoria aponta irregularidade em contratos de plantões médicos no RN
outubro 31, 2019
Após um ano de investigações, a auditoria realizada pela
Controladoria Geral do Estado em parceria com a secretaria estadual da Saúde
Pública detectou inúmeras irregularidades em contratos de plantões médicos em
seis unidades hospitalares do Rio Grande do Norte. O relatório foi apresentado
junto a um conjunto de recomendações realizado também pelo Ministério Público,
a gestores de saúde nesta quinta-feira, 31, no auditório da secretaria estadual
de Planejamento e das Finanças (Seplan).
A auditoria analisou o cumprimento da jornada de trabalho
pelos profissionais médicos, entre efetivos, temporários ou cooperados. O
motivo decorreu da recorrente “falta de médico” reclamado pela mídia, além do
descontentamento de usuários da Rede Estadual de Saúde Pública. Junto à análise
da jornada de trabalho, se verificou também o pagamento de plantões eventuais e
adicionais de insalubridade, periculosidade e noturno.
Foram analisadas as seguintes unidades hospitalares ou de
saúde, como mostras da extensão da rede estadual: Complexo Estadual de
Regulação do SUS; Hospital Deoclécio Marques de Lucena (Parnamirim); Hospital
Santa Catarina; Hospital da Polícia; Hospital Walfredo Gurgel; e Núcleo de
Demandas Judiciais.
Os problemas mais comuns constatados nas seis unidades foram
a ausência ou fragilidade no controle de frequência, o pagamento irregular do
adicional de insalubridade e noturno, déficit de profissionais, escalas de
plantões publicadas e não executadas, pagamento de plantões eventuais mesmo com
contratação de cooperativas médicas, e afastamento de servidores sem
explicação.
Diante da dimensão, o Hospital Walfredo Gurgel apresentou
outras peculiaridades, como serviços médicos deficitários decorrente de greves
dos profissionais; ausência de anestesiologista, conforme escala de plantão;
médicos concentrados em salas de repouso mesmo com fila de espera na sala de
ortopedia; escala de execução divergente da publicada na especialidade de
cirurgia geral; ausência de médicos efetivos de plantões no setor neurológico;
e cargos de direção sem a devida nomeação para cargo em comissão.
O controlador geral Pedro Lopes afirmou que “diante dessas
irregularidades, sugerimos, entre outras medidas, priorizar a implementação de
Sistema de Controle eficaz, substituir contratações de cooperativas médicas e
plantões eventuais por profissionais concursados, implementação imediata de
controle eletrônico de frequência, melhor distribuição de profissionais médicos
na rede de saúde, revisão no sistema de plantões (quantitativo de servidores e
normas internas da Sesap)”.
A assessora técnica do gabinete da Sesap, Milena Martins,
apresentou, após ouvir as recomendações da Control e MP, propostas e ações da
Sesap já em andamento. Ela revelou que “a Sesap já tem trabalhado na revogação
e revisão dessas portarias. Também autorização para chamada de médicos e outros
profissionais em substituição aos médicos cooperados, o que nos renderia
economia de R$ 2 milhões a R$ 2,5 milhões ao mês. Ainda implantação de jornada
especial em substituição ao plantão eventual. O ponto eletrônico já vem sendo
implantado. E temos trabalhado em um novo modelo de contratação de
profissionais para procedimentos específicos com tabela reduzida em 20% dos
valores praticados hoje via cooperativa”.
Para a promotora da Saúde, Iara Pinheiro, o trabalho
conjunto entre Ministério Público e Controladoria do Estado promete abranger
outras pastas e programas.
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