Operação Mácula: MPF e PF no RN obtêm mandados envolvendo navio suspeito de derramamento de óleo
novembro 01, 2019
A Polícia Federal cumpre nesta sexta-feira, 1º, mandados de
busca e apreensão em uma agência marítima e na sede de representantes de uma
empresa no Rio de Janeiro. O MPF concordou com a manifestação da PF e pediu à justiça
federal a expedição dos mandados, emitidos pelo juiz da 14ª vara criminal do
RN. Os dois alvos são ligados à proprietária de um Navio Mercante (NM) de
bandeira grega, indicado como origem do derramamento de óleo na costa
nordestina.
O inquérito policial sobre o caso, no RN, teve acesso a
imagens de satélite que partiram das praias atingidas até o ponto de origem
(ponto zero) de forma retrospectiva. O relatório de detecção de manchas de
óleo, de autoria de uma empresa privada especializada em geointeligência,
indicou uma mancha original do dia 29 julho e fragmentos se movendo em direção
à costa brasileira.
Com informações da Marinha, a Diretoria de Inteligência
Policial da PF concluiu que “não há indicação
de outro navio (…) que poderia ter vazado ou despejado óleo, proveniente da
Venezuela”. Ainda de acordo com a Marinha, esse mesmo navio ficou detido nos
Estados Unidos por quatro dias, devido a “incorreções de procedimentos operacionais no sistema de separação de água e óleo para descarga
no mar”.
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O sistema de rastreamento da embarcação confirma a passagem
pelo ponto de origem, após ter atracado na Venezuela - país desenvolvedor do
óleo derramado -, ao seguir viagem para a África do Sul e Nigéria.
Os procuradores da República, Cibele Benevides e Victor Mariz,
destacam que “há fortes indícios de que a (empresa), o comandante e tripulação
do navio deixaram de comunicar às autoridades competentes acerca do
vazamento/lançamento de petróleo cru no Oceano Atlântico”. Para eles, “a medida
de busca e apreensão mostra-se necessária e de urgência”, para a coleta de
documentos que auxiliem no esclarecimento dos fatos.
O MPF classifica o impacto do derramamento de óleo como de
“proporções imensuráveis”. O desastre ambiental atingiu estuários, manguezais e
foz de rios em todo o nordeste brasileiro, com prejuízos para as atividades
pesqueira, de maricultura e turística.
Até 29 de outubro, foram registradas manchas de óleo em nove
estados, 94 municípios e 264 localidades. Foram encontrados 107 animais
afetados pelo óleo, com 81 mortes. Cerca de 70% dos animais contabilizados eram
tartarugas marinhas.
O MPF acompanha o derramamento do óleo desde o início de
setembro. A atuação ocorre em duas linhas. A primeira visa à contenção,
prevenção e limpeza urgente das praias e costões atingidos, com mobilização dos
órgãos municipais, estaduais e federais envolvidos. Já a segunda se refere à
investigação da causa, origem e responsáveis pelo vazamento.
Em todos os estados do Nordeste, o MPF instaurou
procedimentos extrajudiciais sobre o caso. O inquérito policial que apura a
responsabilidade criminal em nível nacional, foi instaurado pela Polícia
Federal no RN, e é acompanhado pelo procurador da República, Victor Mariz.
Há ainda, uma Ação Civil Pública assinada por procuradores
da República em todos os estados atingidos e que pede o acionamento do Plano
Nacional de Contingência (PNC). Na quarta-feira, 30, o Tribunal Regional
Federal da 5ª Região concedeu liminar parcialmente favorável ao MPF,
determinando a inclusão de representantes dos órgãos estaduais de meio ambiente
do Comitê de Suporte do PNC.
Os responsáveis devem responder nas esferas cível – com o
pagamento de multa e indenização por danos morais, materiais e sociais – e
penal, tipificado na Lei de Crimes Ambientais, com penas de um a cinco anos de
reclusão e de um a três anos de detenção.
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